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imagem: freepik.com |
Após um hiato de três anos, Rússia e Ucrânia retomam as negociações em Istambul. Descubra os principais pontos em pauta, os participantes e as perspectivas para o futuro do conflito.
Em um cenário geopolítico complexo, marcado por tensões persistentes e esforços diplomáticos intermitentes, Rússia e Ucrânia se preparam para retomar as negociações diretas pela primeira vez em três anos. O encontro, agendado para ocorrer em Istambul, na Turquia, surge em um momento crítico, com o conflito no leste europeu em um impasse e a busca por uma solução pacífica ganhando renovada urgência. No entanto, as ausências notáveis de figuras-chave como Vladimir Putin e Donald Trump lançam dúvidas sobre o potencial de avanços significativos.
O Contexto das Negociações:
As discussões em torno de um possível cessar-fogo e da retomada das negociações ganharam impulso após a proposta do presidente russo, Vladimir Putin, de realizar um encontro com autoridades ucranianas em Istambul. A iniciativa de Putin surgiu em resposta à pressão de líderes europeus por uma trégua de 30 dias. Inicialmente, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, manifestou disposição em comparecer às negociações, com o apoio do então presidente americano Donald Trump.
As Ausências de Putin e Trump:
Apesar do otimismo inicial, a ausência de Putin no encontro em Istambul levanta questionamentos sobre o real comprometimento da Rússia com o processo de paz. A decisão do líder russo de enviar uma delegação de baixo escalão, liderada por Vladimir Medinsky, sugere que Moscou não deposita grandes expectativas nas negociações. A ausência de Trump, que inicialmente havia demonstrado interesse em participar das conversas, também representa um revés para as perspectivas de um acordo.
Quem Participará das Negociações?
Apesar das ausências de Putin e Trump, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, confirmou sua presença em Istambul, onde se reunirá com o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, em Ankara. Os Estados Unidos serão representados pelo Secretário de Estado Marco Rubio, juntamente com seus dois enviados especiais, Steve Witkoff e Keith Kellogg. A delegação russa será liderada por Vladimir Medinsky, acompanhado pelo Vice-Ministro das Relações Exteriores, Mikhail Galuzin, pelo Vice-Ministro da Defesa, Alexander Fomin, e pelo chefe da inteligência militar (GRU), Igor Kostyukov. Zelenskyy planeja enviar seu chefe de gabinete, Andriy Yermak, o Ministro da Defesa, Rustem Umerov, o Ministro das Relações Exteriores, Andriy Sybiha, e o conselheiro presidencial Ihor Zhovkva.
O Que Está em Jogo nas Negociações?
O foco das negociações em Istambul permanece incerto, sem um acordo público sobre uma estrutura comum. Putin expressou o desejo de retomar as discussões onde foram interrompidas na primavera de 2022, buscando abordar as "causas profundas" do conflito. Para Moscou, isso inclui a transformação da Ucrânia em uma nação soberana, ocidentalizada e com suas próprias necessidades de segurança. A Rússia insiste que as negociações de 2022 já produziram avanços em questões fundamentais e busca construir sobre essas discussões, levando em conta as "mudanças no terreno".
As Prioridades de Cada Lado:
A versão de um acordo vislumbrada pelo Kremlin representaria, do ponto de vista de Kyiv, uma capitulação. Um cessar-fogo não é o objetivo principal da Rússia; os ataques contínuos servem para manter a pressão sobre a Ucrânia durante as negociações. Para a Ucrânia, as prioridades são invertidas. Kyiv busca um cessar-fogo imediato e um congelamento do conflito ao longo das linhas de frente atuais. Somente após isso, as autoridades ucranianas estariam dispostas a se engajar em negociações sobre uma paz de longo prazo.
Perspectivas para o Futuro:
Caso as negociações avancem, potencialmente com a mediação dos Estados Unidos e da Turquia, o resultado mais plausível pode ser um cessar-fogo gradual. Tal plano poderia começar com a suspensão das operações navais, seguida por ataques aéreos e, finalmente, combates terrestres. No entanto, um acordo abrangente, do tipo que Donald Trump vislumbra, parece fora de alcance por enquanto. Atingir esse estágio exigiria muito mais trabalho de base.
A Situação no Front:
Após uma breve pausa nas hostilidades durante as celebrações do Dia da Vitória em Moscou, os combates se intensificaram novamente. A maior pressão está concentrada no sul de Donbas, onde as forças russas agora controlam a maior parte da cidade de Toretsk e estão avançando em direção a Pokrovsk. O objetivo de Moscou permanece inalterado: tomar toda a Oblast de Donetsk e as outras regiões ocupadas.
O Que Estão Fazendo os Europeus?
Em 10 de maio, durante uma cúpula em Kyiv, os líderes da Alemanha, França, Reino Unido e Polônia emitiram um ultimato direto ao Presidente Putin: implementar um cessar-fogo incondicional até 12 de maio ou enfrentar novas sanções. Putin rejeitou a demanda como inaceitável e respondeu com a proposta de negociações em Istambul. Após deixar o prazo passar, a União Europeia avançou com seu 17º pacote de sanções contra a Rússia na quarta-feira.
Uma Oportunidade:
As negociações entre Rússia e Ucrânia em Istambul representam uma oportunidade para buscar uma solução pacífica para o conflito, mas as ausências de figuras-chave e as divergências nas prioridades de cada lado lançam dúvidas sobre o potencial de avanços significativos. O caminho para a paz será longo e árduo, exigindo compromisso, flexibilidade e um diálogo construtivo entre todas as partes envolvidas.
Fonte: NZZ.
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